segunda-feira, 14 de abril de 2014

Miau é mi mais au

Bichinho abre lentamente os teus olhos que têm mais do que uma cor e diz-me numa cor só de que cor são os teus olhos. Depende da luz, respondes-me. Uma cor assim meio volátil e meio transparente e insegura como tu, bichinha. Dá-me graça quando és assim respondão. Miau. Miau? Mi-au. Trampolim das minhas iras assim tão alheio à desgraça do arquear das minhas sobrancelhas meu maldito. Mi-au. Agora vira-te para o outro lado e concentra-te nas madeixas do meu cabelo a escorregar pelas tuas costas depois de prendermos a cama à parede e de te prendermos a ti à cama e diz-me o que tens cá dentro. Mi-au. Tu és tão impulsiva. Cala-te. Não temos tempo para dissertar sobre isso, estamos a fazer uma experiência e sou eu que mando. Mi-au. Pssssspssssspsssss. Bichinha estás a arrepiar o bichinho. Bichinho concentre-se nas expectativas. Quantos planetas tem o sistema solar. Um: tu. Um tu é uma cacofonia bichinho. Três tus. Outra. Uma brilhante tu. Tetu? Uma sonora tu. Por amor de Deus, bichinho, como podes deixar-me tão insatisfeita? Tu estás à espera que eu adivinhe a merda que tu tens na cabeça. Bichinho abre lentamente a boca que já tem dentes do siso e diz-me de cor quantos dentes tens. Depende do distúrbio mental. Um distúrbio mental assim como o teu bichinha responderia que te tenho a ti na boca. Que no quepo cariño. Achas-te demasiado boa bichinha. Morremos porque estávamos a dizer o mesmo e bichinho era surdo à voz de bichinho e ouvia demasiado bem a voz de bichina. Mi-au. E bichinho caiu.

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