O vazio que se sente,
Quando assim se chora
Abre-se;
O aberto
Desmonta-se.
Cada vazio desmontado
Volta a abrir-se
Corre a agigantar-se
Um de cada vez e à pressa
Assim quando se chora
(Espelho)
Por nada;
Mas por nós.
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
História
Estar no meio de alguma coisa.
(Disse Deus quando nos criou)
É o que sentirás sempre
Esquecendo o fundo que te habita.
Sentindo tudo
Como se fosses tu toda a espécie sozinha.
O nome que te dás e o nome que dás aos teus
Esquecendo o fundo que vos habita
E o nome que te dás e dás ao que além de ti resta.
Por olhares, cheirares, tocares e saboreares esse resto.
Sentindo-te a ti,
Homem,
Tal qual tudo sentes: sem fundo.
O real como consistência
O sítio como descrição.
Os corpos do ar, da água e do chão.
Sentindo isto,
Homem,
Verás livre o aroma das vontades
Que me enchiam o tacto e a respiração
Quando te esculpi
Já apaixonado.
Dizendo isto,
Deus
Olhou todo o Universo.
Respirou o ar mais alto
E pisou a terra mais escura.
Imagina,
Homem,
Homem,
Que sou eu o fundo que há em ti.
Quando pensas no teu fundo,
Homem,
Onde me sentes tu?
Sinto-te,
Deus,
no meio do tórax.
Deus,
no meio do tórax.
Estar no meio de alguma coisa
(Disse Deus quando criou o Homem)
É o que sentirei sempre
Lembrando-me daquilo que de nervos matei
Renunciando o todo.
Não podendo ser Eu uno e vida sozinho
Recusei-me a amar o fundo do meu nome.
Chamar-me era ir caíndo
Eu não era mais capaz de me sentir nome ou fundo.
Apequenei-me, então, até ser som simples e só, com sossego por reino.
E o nome que me dei morreu ou deixei de o ter sempre na boca.
Por olhares, cheirares, tocares e saboreares com que sonhava a cores.
Senti-me a mim,
Homem,
E tive de castigar-nos,
Homem,
Por passar a ser só princípio.
Eu desaparecia,
Homem,
Ou dividia-me nos que teus e meus
Prenuncio o negro que há no silêncio a meio
Sentido, o fundo de ti que não conheces.
É o que sentirei sempre
Lembrando-me daquilo que de nervos matei
Renunciando o todo.
Não podendo ser Eu uno e vida sozinho
Recusei-me a amar o fundo do meu nome.
Chamar-me era ir caíndo
Eu não era mais capaz de me sentir nome ou fundo.
Apequenei-me, então, até ser som simples e só, com sossego por reino.
E o nome que me dei morreu ou deixei de o ter sempre na boca.
Por olhares, cheirares, tocares e saboreares com que sonhava a cores.
Senti-me a mim,
Homem,
E tive de castigar-nos,
Homem,
Por passar a ser só princípio.
Eu desaparecia,
Homem,
Ou dividia-me nos que teus e meus
Prenuncio o negro que há no silêncio a meio
Sentido, o fundo de ti que não conheces.
E é por isso que o fim dos outros
Te toca no meio.
E por isso sobrevives aos fins
Dos que te rodeiam.
Te toca no meio.
E por isso sobrevives aos fins
Dos que te rodeiam.
Porque eu estou no meio de todas as coisas e toráxes: ritmo.
Resto do fim de uns e resto da continuação de outros.
Mas nunca o resto de todos da mesma maneira.
Eu sou o resto de mim que é descrente do fim.
Vai à praia e quererás o horizonte ou fundo do Mar.
Vai ao campo e quererás a essência das flores e o hectar.
Vai à cidade e quererás o infinito quantum habitante do meio do teu cérebro.
Vai à Igreja e querer-me-ás a mim.
Tu és o redor,
Homem.
Comigo no centro.
Sentir-te é o meio das coisas.
Sentir-me é o meio de ti.
Eu sou só a ameaça grandiosa
de um fim sem fim.
Para ti e para mim.
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
A Apanha d´Ámora
Aprender a amar, uma, de qualquer das coisas:
É saber viver-se da triste e ansiosa condição
Que é esperá-la: numa, que se cultiva,
Quieta e enérgica mente; dançante
E adolescente; em nervosa persona bonita
Agarrada e estendida num corrimão.
Aprender a amar, uma, de qualquer das coisas
É saber ter-se uma triste e ansiosa condição
Que é esperá-la: numa, que se cultiva,
Quieta e enérgica mente; dançante
E adolescente; em nervosa persona bonita
desagarrada e erguida a dar-lhe a mão.
Aprender a amar, uma, de qualquer das coisas
É saber esticar o carácter a duas tristes e ansiosas condições
Que são esperá-la: numa, que se cultiva,
Quieta e enérgica mente; dançante
E adolescente, em nervosa persona bonita
E sonhante de que a gravidade é universal da física;
Constante sincera, também, da imaginação; desagarrada e erguida
Agarrada e estendida quando doa, num beijo, a protecção.
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