terça-feira, 27 de maio de 2014

técnica dos potenciais evocados

a primeira coisa que sentiu foi um osso. existindo tão flagrante nunca o sentiria. talvez se tenha distraído. desatenta no momento de ver e de sentir era aquilo tudo pesadamente. a gravidade da primeira sensação ali. toda num dente. pensar nisto confirmava a importância que isto tem. escrever isto superava a açucarada importância que só têm as coisas que explodem. rir. chorar. desatar aos gritos. os únicos moldes de ser são por sacadas rápidas. estuda-se o tempo que é a derradeira variável. a coisa única que potencia o dizer útil. a coisa única que potencia o dizer inútil. a coisa única que faz útil e inúil o útil e o inútil coexistir. 

a verdade só pode estar na dor

e só pode ter a dor

se a dor tiver mais dor que a dor

a dor não se fica mais por dor

a dor não se faz mais de dor

a dor fica por fita 

feita de fita

para deixar de pensar nisto há que mexer na cara. a cara é onde se vê a dor. a cara manda mais na dor do a própria dor. é a cara que deve explodir e retomar. é a cara que mais se mexe. foi para isso que GAU fez a cara. conhece a cara evita a fita. encara cara feita padrão de milissegundos bem abocanhados e bem saltitados por honorosa e digna e carassensação.

domingo, 25 de maio de 2014

oremos irmãos

o importante é a tribo. o fundamental é a tribo. a língua da tribo. é a língua da tribo. a língua da tribo é a língua do GRANDE ARQUITECTO DO UNIVERSO. doravante GAU. GAU diz. a gente ouve e escreve o que GAU diz e GAU é isso mesmo uma coisa que GAU diz e se GAU diz GAU GAU é a coisa que se escreve. pensar a poesia. ler poetas. pensar a poesia. a tribo é um compromisso. a tribo é tudo. a tribo não gosta de gente que brinca com a tribo. brincar com a tribo é provocar a ira de GAU. provocar a ira de GAU é o silêncio. mas não é um silêncio qualquer. é um silêncio que diz nas entrelinhas com cuspo de GAU "desprezo de GAU com toda a força desde os intestinos até à boca". e isto o desprezo de GAU dói como uma exposição de um pobre coitado disforme todo nu e malcheiroso com gente a cochichar sem que um saiba o que a gente diz e só pode  haver uma lucidez. esperar o pior. a língua da tribo. antes de ter a certeza que fala a língua da tribo o poeta sua e desespera perante a nua folha que se sente como adão e eva ante GAU. vergonha ante GAU é a pior vergonha e o poeta desconfia que é vergonha que a folha tem. vergonha ante GAU. como as folhas não sentem é o poeta que sente a vergonha. GAU ainda fala e diz "a língua da tribo". "a língua da tribo". não mora na tua língua porco a língua da tribo. o poeta pensa em ir buscar um grande touro vermelho para beber. o poeta pensa em despir-se. o poeta pensa em deixar de usar sutiã. o poeta pensa em passar grandes vergonhas e GAU observa e GAU é mais como os dos panteões que têm furias do que comós dos campanários que tem miséria e córdia. a córdia, a córdia! GAU observa. GAU calado mas com martelos duros na cabeça do poeta enxaqueco. na poesia não há musa. quando havia musa não havia musa. não havia poesia. na poesia há só tribo. na poesia há só GAU. GAU é o que ouvem as mães quando parem. GAU é o nome das coisas todas traduzido para a língua da tribo. o poeta tem de dizer o nome das coisas para que GAU entenda o que o poeta diz. para que GAU reconheça o poeta na tribo e a tribo DENTRO DO POETA. GAU não quer ninguém à imagem dele. GAU não quer um oriente ao oriente do oriente. GAU quer um por dentro virado ao contrário e revelado tal qual como se põe a mão dentro da boca de um homem e se puxa para fora os órgãos onde GAU quis que se tocasse a única  marcha fúnebre da existência da crueldade da beleza da fragilidade. o importante é a tribo. o fundamental é a tribo. a língua da tribo. é a língua da tribo. a língua da tribo é a língua do GRANDE ARQUITECTO DO UNIVERSO. doravante GAU. GAU diz. a gente ouve e escreve o que GAU diz e GAU é isso mesmo uma coisa que GAU diz e se GAU diz GAU GAU é a coisa que se escreve. pensar a poesia. ler poetas. pensar a poesia. a tribo é um compromisso. a tribo é tudo. a tribo não gosta de gente que brinca com a tribo. brincar com a tribo é provocar a ira de GAU. provocar a ira de GAU é o silêncio. mas não é um silêncio qualquer. é um silêncio que diz nas entrelinhas com cuspo de GAU "desprezo de GAU com toda a força desde os intestinos até à boca". e isto o desprezo de GAU dói como uma exposição de um pobre coitado disforme todo nu e malcheiroso com gente a cochichar sem que um saiba o que a gente diz e só pode  haver uma lucidez. esperar o pior. a língua da tribo. antes de ter a certeza que fala a língua da tribo o poeta sua e desespera perante a nua folha que se sente como adão e eva ante GAU. vergonha ante GAU é a pior vergonha e o poeta desconfia que é vergonha que a folha tem. vergonha ante GAU. como as folhas não sentem é o poeta que sente a vergonha. GAU ainda fala e diz "a língua da tribo". "a língua da tribo". não mora na tua língua porco a língua da tribo. o poeta pensa em ir buscar um grande touro vermelho para beber. o poeta pensa em despir-se. o poeta pensa em deixar de usar sutiã. o poeta pensa em passar grandes vergonhas e GAU observa e GAU é mais como os dos panteões que têm furias do que comós dos campanários que tem miséria e córdia. a córdia, a córdia! GAU observa. GAU calado mas com martelos duros na cabeça do poeta enxaqueco. na poesia não há musa. quando havia musa não havia musa. não havia poesia. na poesia há só tribo. na poesia há só GAU. GAU é o que ouvem as mães quando parem. GAU é o nome das coisas todas traduzido para a língua da tribo. o poeta tem de dizer o nome das coisas para que GAU entenda o que o poeta diz. para que GAU reconheça o poeta na tribo e a tribo DENTRO DO POETA. GAU não quer ninguém à imagem dele. GAU não quer um oriente ao oriente do oriente. GAU quer um por dentro virado ao contrário e revelado tal qual como se põe a mão dentro da boca de um homem e se puxa para fora os órgãos onde GAU quis que se tocasse a única  marcha fúnebre da existência da crueldade da beleza da fragilidade.

sábado, 24 de maio de 2014

medi idem: assim missa:

a coisa tão linda está escondida no botão que desliga o motor da tua cabeçuda vida de intelectualantintelectualista intimadorantintimista impecávelantimpecavelista e hás de andar à procura à procura, infinitamente à procura noutros sítios que julgas mais teus do que tu. mais teus do que tu exactamente por seres orgulhosioniricamente um ser de intelectualidade prosódica erudita e quem não te percebe está mais longe da coisa tão linda do que tu e então não se carpe pelos ignorantes. só pelos pobres é que se carpe. pelos pobres e pelos doentes carpir. contrós pobres carpir carpir. contrós doentes carpir carpir. eis o fim de todo o hino nacional e o fim da fronteira impecávelmentantimpecavelista intelectualmenteantintelectualista e mais que tudo intimadoraantintimista que há entre todos os países. eis le brute communisme do Mundo e de Deus que é tudo a mesma burrice. a vida é o alcance disso sem o alcance disso. a política é o alcance disso sem o alcance disso. o amor é o alcance disso sem o alcance disso. a poesia idem e idem só para não dizer que a poesia é. 


sempre tive medo que me aparecessem à frente fantasmas homens já que os homens sãos os únicos que têm fantasmas como toda a gente sabe e também são os únicos a ter Deus e Mundo que é tudo a mesma burrice. sempre soube qual era o tamanho do arrepio no coração que teria ao ver um fantasma desses mas nunca soube qual era o tamanho do arrepio no coração que teria ao ver ver a sério a fotografia da sala em que apareço criança e muito séria. depois de quase desmaiar pensei que era só eu. e era só eu. a vida é o alcance disso sem o alcance disso. a política é o alcance disso sem o alcance disso. o amor é o alcance disso sem o alcance disso. a poesia idem e idem só para não dizer que a poesia é. 

sábado, 17 de maio de 2014

e ela parou

nas pontas dos cabelos. usava molas de preta nas pontas dos cabelos. punha-as todas deitada e depois levantava-se e ficava sem nenhuma porque tinha cabelasiático. isto tudo é assim porque não há nãos do universo e a mudez da circunstância não tem cabeça sequer para abanar. foi a morte de inês de castro que acabou a paixão proibida ou foi o não de dom fernando. foi o não de dom fernando. as pessoas é que mandam nas coisas todas. e isto é uma coisa que toda a gente sabe. é por isso que um dia inês começou a deixar cair pele demais e a pele começou a escapar-se pela janela entreaberta e a sair por aquela espécie de canito por onde sai a água da chuva e um vizinho bonito foi investigar. arrombou a porta e viu-a deitada a por as molas. quieto olhou olhou e via via. ela levantou-se e pumba. depois começou tudo de novo. ele disse-lhe. não. e ela parou.

(to)maraquelalmofada dassalto

(exaus)to mara raquel almofada

           exausta e um pouco menos lúcida pela sensação firme de aiéparasemprestessonoquieutenho

vontades fortes de conhecer alguém com dedos grossos 

                    alguém com todos os dedos polegares

       e vontades de dois dos dez polegares 
              
                     do mesmo homem com dez dos grossos
  
      nas têmporas

            os quatro outros polegares de cada mão quero-os alinhados 

                              no lugar dariscabrancadastranças                  das crianças e das que se atrevem

e depois morrer           morrer                 morrer da força

                                                                                                                                                     claro

sexta-feira, 2 de maio de 2014

a nossa casa amor a nossa casa

shamar-te pró pé da minha pele e unir os meus pulsos com os teus é a minha música preferida. a minha cor preferida é o teu cheiro e fechar os olhos. imaginar o meu cabelo a tapar os meus sentidos porque escorres desde cima da minha cabeça e ficar sem calor é o destino. sh, sh, shorar por isto é a única coisa por que cruzo as mãos e olho para o céu à procura de deus porque deus existe à minha volta e vai fechando o círculo que está à minha volta com tanta força aperta de vagar às engrenagens do pequeno motor que oiço quando sinto com a minha boca a tua pulsação que tem mais força, mais força. ainda não te mexeste e já me dói o corpo de teres acabado de me tocar. o problema de toda a lisboa é a pré-saudade morar no sítio da saudade e a pós-saudade ser tão negativa que existe. não há remédio para a gente sensível que ama a beleza mais do que a saúde. a chave de casa é mole e não abre a casa. abre o mundo só e triste que mora nos olhos das pessoas que nos beijam o nariz de olhos abertos. nós estávamos de olhos abertos porque queremos que nos beijem os olhos de cada vez que nos beijam o nariz para ter muito a certeza que não nos vão arrancar deste conforto melancólico que é a cadeira doiro que balança e que é tão quente de seda azul. depois de beijados os olhos. depois de beijados os olhos os olhos fecham mesmo antes de nos beijarem até a ponta mais ponta dos dedos. subir é o que se quer. imponho-te a saudade dos meus lábios de cada vez que esculpires a pedra escravo do papel que gira gira lá fora gira gira a partir de dentro. sabe que vou fazer tudo para que não te esqueças que as tuas mãos não foram feitas para ti. se outra mulher alguma vez te beijar a ponta dos dedos vai remar contra a maré da saudade de toda a lisboa que cresce do meu umbigo quando fazes respiração boca-a-boca às saudades que tenho da minha mãe e me obrigas a ficar contigo contigo uma orfã que se ri contigo. essa saudade é toda e tu nem a conheces. é tua e ainda nem a sentes. quando chegar vais temê-la e tudo vai parecer amor. sabe que não nos vai parecer mal. é a coisa tão linda. é a coisa tão linda é a coisa tão linda destapada de ser coisa indefinida. é a coisa tão linda suplantando a forma das coisas e nascendo da medula do toque nosso em cores e em cheiros que nos trazem para uma nova casa. a nossa casa amor. a nossa casa. 

quinta-feira, 1 de maio de 2014

quero um cacho de bebés para fazer vinho novo

afinal para que serventia eis-te aqui enconstada
como um fascínio meio porco e meio escondido
com cara de quem quer fazer cócegas até que morra
mas que é no fundo no fundo tão doce tão doce (e prolonga o doce).

afinal para que serventia eis-nos aqui assim assim
como um ar sabesqueuseimente entusiasmado
na docidade que é nossa porque nos conhecemos nela
ao pé do sítio onde se lê e come porque há vidéisso para nós.

e vai sempre haver. o que queres ser quando fores grande? quando for grande não quero ser mais nada.