segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Despede-te de mim
Antes de ires ser quem és. 
Não acredito que voltes
Jamais tu voltarás.

Jamais terás esse sorriso.
Jamais me verás assim bonita.
Jamais verás esta cor na minha pele.
Jamais falarás com essa convicção.
Jamais darás aquela gargalhada.

Há pouco no café, 
Quando te riste de mim
Senti-me tão engraçada!
Jamais me sentirei engraçada
Assim como me senti
Há pouco, no café!

É muito triste tu ires desaparecer.
A vida é má para nós. 
Ao menos despede-te de mim.

Despede-te, de mim, muito devagarinho...

Vai-te...
Despedindo...

Como se fosses riacho
E eu nascente.

Como se fosses a mão de Deus
(Que é do tamanho das coisas enormes)
E eu fosse a mão de uma galáxia
(Tua noiva...)
(Do tamanho de um par de estrelas)

Como se as nossas mãos
(A tua e a minha)
Se agarrassem aos nossos pulsos
(Os teus e os meus)

Como se as nossas mãos
(A tua e a minha)
Fossem escorregando nos nossos pulsos
(No teu e no meu)
À velocidade cansadinha
Que têm as coisas aborrecidas...

Que quentinho que era
Sentir a demora boa
Da extensão ardente
De quando ontem te espreguiçaste.

Jamais te sentirás, assim, desconfortável
Como te sentiste naquela cadeira.

Fiquei melhor do que tu.

A noite foi pior para ti.

Mesmo assim mexi-me mais.
Jamais me mexerei como me mexia.

Jamais sentirás, daquela forma
Jamais serei capaz de te fazer sentir, 
Daquela forma.

Eu queria, 
Daquela vez, 
Cair em cima de ti...
Com muita força de querer e de cair.

Estarmos, os dois, desconfortáveis
Naquele dia...

De um tal tamanho igual àquelas mãos
 Desconfortáveis...
E que tu não pudesses ir embora.

Que nem pudesses,
Sequer,
Despedir-te, de mim.

Jamais.


Carolina Gramacho








domingo, 17 de novembro de 2013



Hoje quis ser um pouco mais de mim
(disfarçadamente...).
Quis achar o que sinto dever achar
(com um pouco mais de força).
E descobri que estava um pouco menos inspirada,
Um pouco mais morta. 

Calculei que a centripetação
É feia como voltar atrás
E um pouco mais dolorosa 
Do que o rodar o dedo
Num anel que nunca sai.


 Carolina Gramacho



sábado, 16 de novembro de 2013

I'm a cat, Jack!, I'm a cat...


(rigoletto)

Vinguem-me! Mais:

Não tenho como ser dona das minhas unhas.
Faça isso por mim Dr.

Vinguem-me! Mais:

Toquemas trompas!

Vinguem-me! Mais:

Pintalguei-me a língua de linhas
vestidas de barbudos funis
d'inspirações f-f-f-febris.
Pinhas, pinhas, pinhas?
(....na cabeça...)
(são os f-f-ferrinhos!)

T-t-t-tempo: aos folhinhos
(mais arrepiante:
vestido de preto!).
Crescendo comás (h)eras
Gigante.


Marchar: Sim Dr!
Marchar: Vingue-me, mais:

É o palhaço do "Agarra-me Orpheu"
É o m-m-maior vilão!
Demónio - c-c-cores - pavão!

Updating of the compasso:
Tiros do tempo da Guerra do Mundo
Galope: get-a-pen get-a-pen get-a-pen.

Marchar: Sim Dr!
Marchar: Vingue-me, mais:

Surge o p-p-pavão!
M-m-multiplicou!

Marchar: Sim Dr!
Marchar: Vingue-me mais!

Updating of the compasso:
Tiros do nosso tempo:
g-g-get-a-p-p-pen, g-g-get-a-p-p-pen...

O p-p-pavão é imune às (H)eras!
(violinos -
Porque os tiros do nosso tempo
Mataram-nas!)

(P-p-pratos - porque...
....Imitam o p-p-pavão.

É tudo pavões!
É tudo pavões!

Vingue-me Dr. do povo que marcha contrós canhões.


CatrolinaGatamacho















quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Mor'ao cais d'onde me sento


       Eis uma manta de plástico que trepida como batem dentes. Está cheia de calor, a menina?

                Conheces, outra menina, o virar pano do corpo e o escorrer o pano-corpo do tempo, conheces, outra menina? E depois... O veeeeento... O veeeeeeeeeento... Conheces o Veeeento, outra menina? O Veeeeeento tem as mãos frias quando m'escorre o calor do corpo e eu não sei onde guarda o veeeeeento aquilo que me tira. E, ai! outra menina, se tu soubesses a falta que me fazia o Veeeeento não me escorrer o corpinho... Maldito sej'Aquele que manda no Veeeeeento...

      Não deixes cair a cabeça. Agarra com toda a força que tu tiveres, menina, a cabeça, agarra com toda a força que tu tiveres, menina, a cabeça! Com as mãos! Com essas mãos que tu tens pintadas de aperto empurra a cabeça para cima do pescoço, menina. 

                         Eis uma dor de cabeça ao Norte do rio qué má comó Veeeeeeento! Está cheia de sonhos, outra menina?

      Sim. Ai! Ai! Assustei-me com a voz do senhor. 

                        Não é possível. O senhor não fala. O senhor ladra. É amigo do Veeeeeento! 

      Ai que graça que tem o que diz que é verdade. Já estou cheia de sono e passaram-me os solustos. Chega-te p'ra cá que eu quero ir p'ra lá. 



CarolinaGramacho