sexta-feira, 2 de maio de 2014

a nossa casa amor a nossa casa

shamar-te pró pé da minha pele e unir os meus pulsos com os teus é a minha música preferida. a minha cor preferida é o teu cheiro e fechar os olhos. imaginar o meu cabelo a tapar os meus sentidos porque escorres desde cima da minha cabeça e ficar sem calor é o destino. sh, sh, shorar por isto é a única coisa por que cruzo as mãos e olho para o céu à procura de deus porque deus existe à minha volta e vai fechando o círculo que está à minha volta com tanta força aperta de vagar às engrenagens do pequeno motor que oiço quando sinto com a minha boca a tua pulsação que tem mais força, mais força. ainda não te mexeste e já me dói o corpo de teres acabado de me tocar. o problema de toda a lisboa é a pré-saudade morar no sítio da saudade e a pós-saudade ser tão negativa que existe. não há remédio para a gente sensível que ama a beleza mais do que a saúde. a chave de casa é mole e não abre a casa. abre o mundo só e triste que mora nos olhos das pessoas que nos beijam o nariz de olhos abertos. nós estávamos de olhos abertos porque queremos que nos beijem os olhos de cada vez que nos beijam o nariz para ter muito a certeza que não nos vão arrancar deste conforto melancólico que é a cadeira doiro que balança e que é tão quente de seda azul. depois de beijados os olhos. depois de beijados os olhos os olhos fecham mesmo antes de nos beijarem até a ponta mais ponta dos dedos. subir é o que se quer. imponho-te a saudade dos meus lábios de cada vez que esculpires a pedra escravo do papel que gira gira lá fora gira gira a partir de dentro. sabe que vou fazer tudo para que não te esqueças que as tuas mãos não foram feitas para ti. se outra mulher alguma vez te beijar a ponta dos dedos vai remar contra a maré da saudade de toda a lisboa que cresce do meu umbigo quando fazes respiração boca-a-boca às saudades que tenho da minha mãe e me obrigas a ficar contigo contigo uma orfã que se ri contigo. essa saudade é toda e tu nem a conheces. é tua e ainda nem a sentes. quando chegar vais temê-la e tudo vai parecer amor. sabe que não nos vai parecer mal. é a coisa tão linda. é a coisa tão linda é a coisa tão linda destapada de ser coisa indefinida. é a coisa tão linda suplantando a forma das coisas e nascendo da medula do toque nosso em cores e em cheiros que nos trazem para uma nova casa. a nossa casa amor. a nossa casa. 

Sem comentários:

Enviar um comentário