sexta-feira, 25 de julho de 2014

a mais bonita que aqui está

a madeixa era subentendida pelos cálculos dos olhos dela em forma de fintas e ziguezagues exagerados. grito d'olho lançado à falta de frase e à escassa coragem que é fazer da alma uma coisa tão longamente partilhada como um cruzar de setas. o infinito é haver dois a sentir o tempo da mesma maneira. a madeixa cairá para por início à variação e exigir o movimento findador do silêncio. aqui passa-se uma derrota que acalma porque a vitória está em compasso de estranha sinceridade e rudeza de batidas. todos a adivinham antes que caia. mesmo no escuro não surpreende ninguém. a beleza que existe naquela rapariga é a coisa que se adivinha que saia de todas as bocas mesmo que todas a saibam morta. os senhores da morgue quando lhe limparem o pedaço que demais sangrou vão rogar a sentença universal um para o outro e que bonita que era e isto tem de ser o céu e o castigo partilhando longamente como um cruzar de setas a eternidade que é o sítio para onde ela vai com cara de fim. antes inveja que piedade diziam todas as mulheres inseguras enquanto esperavam pelo outonecer dos ânimos e das palavras e das pernas que é uma coisa que aparece com a idade. já te disse que és a mais bonita de todas que elas não têm nada a ver contigo e isto é tudo o que te posso dar. a preferência estende-se no peito e é como um coração saudável a bater e uma energia de queixo para esticar o pescoço e levantar a cabeça. tanto que todas as bocas vêem a vitória na cara daquela mulher ao mesmo tempo e todas o gritam para que todas mesmo todas saibam e é tão alto lá em cima que há mais. como querendo mudar de tópico as bocas mudam de rosto e agora pedimos carácter de joelhos como judeus que somos do messias que assim se chama e morre a crença se cara houver em eterno corpo.

Sem comentários:

Enviar um comentário