aquela ali ao fundo é a maria beatriz
eu já passei um fim de semana na casa dela
é engraçado ela tem um fascínio pelas arábias
eles têm dinheiro
muito dinheiro até
mas como veem a maria beatriz é muito humilde
pelo menos fora de casa
é coisa que eu aprecio
os ricos
os verdadeiros ricos
passam sempre despercebidos fora de casa
é a discrição hóstil que lhes dá ao queixo um levantar nobre
apesar de sério e nada petulante
é a manifesta elegância que faz os homens ficarem admirados
a inconfundível beleza que só conhece o adjectivo que lhe corresponde
como é bela maria beatriz
como comove o charme daquela mulher
e o que dizem os outros homens e as outras mulheres que ouvem não é verbal
mas é verbalmente dizível por amén
quinta-feira, 19 de junho de 2014
sexta-feira, 6 de junho de 2014
e eu tenho lá culpa da arrogância do meu marido
minha senhora ouça tenha calma. minha senhora. mas tenha calma. ó e eu tenho lá culpa da arrogância do meu marido! tenha paciência! sim. sim. sim. e depois? sim. sim. mas ponha-se na minha posição. sim. ouça minha senhora. ponha-se lá na minha posição. ponha-se lá na minha posição. e. e diga-me se não vinha. pooois. sim. sim. mas pare lá de falar da arrogância do meu marido. pare lá de falar da arrogância do meu marido. defendo. defendo claro. então não defendo? então mas a senhora quer que eu faça o quê à arrogância do meu marido? ó minha senhora pois. mas eu conheço o que tenho em casa e é mesmo assim. e olhe que não precisei. e olhe que não precisei de comprar casa com ele para lhe saber da arrogância. ai digo digo. então não digo? foi. foi. exactamente. pela arrogância. sim. sim. apaixonei-me pela arrogância. pois não. pois não. olhe não é bonito é a senhora estar-se aqui a meter onde não é chamada. mas o meu marido está ali senhora. o meu marido está mesmo ali ao fundo. sim. sim. não. não incomoda nada. não. acha querida? nem pensar. pois não. acha? não. nem pensar! com certeza. não não! eu faria o mesmo. sim. sim. sim. espere. ó Zé! ó Zé achas que podes receber aqui esta senhora? o que é que a senhora quer? diz que lhe falaste com arrogância. ó Zé não. não. eu não dou confiança Zé! Zé tu achas que eu estou a dar confiança à mulher? tem paciência Zé. Zé. Diz lá pá. sim? Zé! ó Zé então e eu é que tenho a culpa da prepotência da senhora? queres que mande a senhora embora? e eu é que estou a falar em frente à senhora Zé? Ó Zé tem paciência. deixo estar? ó minha senhora diga-lhe você. grite! eu não vou dizer uma coisa dessas ao meu marido. não! não concordo nada. nem no fundo no fundo. alguma vez? minha senhora. a senhora não me envenene. porra Zé não estou a dar confiança à mulher! sei lá porque é que a mulher não desaparece. ai não me aguentas? ai não me aguentas? ta bem. ta bem.
e desatou ali a chorar. Zé e a senhora foram consolá-la. a senhora esqueceu a arrogância de Zé e Zé a arrogância da senhora. quando a mulher de Zé parou de chorar e brincou a senhora foi logo embora a dar pontapés numa moeda grande que não apanhou e Zé amuou durante o fim de semana todo e de vez em quando lá olhava de alto a baixo para a mulher que lhe sorria e dizia baixinho ó rico filho.
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